
Chamado de Berkana na sala 117
Performance / Instalação
2023
Excerto.
As gravações aconteceram em três iterações, de abril a outubro. O chamado de Berkana consiste em vários rituais gravados que são ativados por meio de instalações de vídeo
Sou uma Curandeira de uma linha de Curandeiras no Brasil. Logo depois de me mudar para o Hemisfério Norte, tive um encontro com um tronco queimado em Mount Lemmon, Tucson. A madeira veio comigo para meu ateliê no campus universitário, construído em territórios ancestrais de povos indígenas desalojados. Chamei o ser de “Berkana” e nos sentamos juntas para três rituais de círculo de cura. Através de estratégias intuitivas, minha interação com a madeira fala a um véu de realidade quebrado pelo trauma.
Primeiro, cinco câmeras GoPro observaram nossa conversa, formando um pentagrama ao nosso redor. Simultaneamente, uma câmera de visão noturna filmou tudo atrás de mim. Eu estava nua e no meu ciclo de sangramento. As cicatrizes da madeira são visíveis, tanto os nossos corpos como a terra abaixo de nós foram queimados pelas violências da nossa cultura. Em seguida, na noite do meu 33º aniversário, evoquei aquele primeiro ritual ao projetar as imagens na parede atrás de mim, enquanto a câmera de visão noturna me observava recolhendo o carvão caído em um saco. No dia 31 de outubro ativei os círculos de cura e engajei mais uma vez com a madeira e as câmeras, enquanto um público assistia online e pessoalmente. O eco criado pela interação das imagens acontece em um fluxo constante à medida que os vídeos se repetem, cada um com uma duração independente.
O Chamada de Berkana na sala 117 utiliza dispositivos de vigilância como geradores de uma atividade sagrada, derrubando sua função. A câmera é uma ferramenta de exploração e produção de conhecimento; aqui seu uso é também um encontro.


Dona Santa, minha Avó, era Curandeira
Instalação
2023
Exposição individual no Center for Creative Photography em Tucson, Arizona em 2023.
Como procurar aquilo que foi apagado?
Estima-se que 305 etnias indígenas resistam em todo o território brasileiro. As culturas e conhecimentos dos povos foram brutalmente apagados desde a chegada da “luz da civilização”. Entre as práticas de cura dos indígenas sobreviventes, algumas são realizadas pelas benzedeiras: curandeiras que atuam com ervas e orações, numa espiritualidade que foi sincretizada com o cristianismo. Esta exposição herda benzimentos realizados pela minha avó. Dona Santa, como é chamada pelos cariocas, era benzedeira na minha cidade natal. Aludindo ao apagamento manifestado pelo colonialismo, foi utilizado um filme analógico vencido para capturar uma fotografia de cada visita que fiz com uma pessoa da minha família. Esses encontros aconteceram durante sete dias, até que visitei o túmulo da minha avó. Pedaços de papel com sua caligrafia e gravações de áudio em português brasileiro são oferendas para explorar algumas narrativas. Para encerrar cada conversa fiz uma pergunta que surgiu ao selecionar intuitivamente um trecho do livro “História de uma Viagem à Terra do Brasil”, escrito no século XVI pelo explorador francês Jean de Léry. a cura com as pessoas, objetos e situações que nos rodeiam são os nossos recursos mais preciosos.
Depois da luz
Instalação
2023
Instalação na Galeria Rombach da Universidade do Arizona, em abril de 2023. Composto por dois vídeos monocanal.
No monitor “After Light”, um vídeo feito com um tecido cianótipo voando pela janela. Na foto você pode vislumbrar um homem, meu avô. A foto foi tirada no final dos anos 70 no Sul do Brasil, a cianótipo foi feita em 2022 no meu quintal em Tucson, Arizona. No projetor, voltado para o canto da parede da galeria, está "Cyano Glitch", um vídeo criado a partir de um quadro do cianótipo, repetido por meio de diversas variações de falhas e transformado por meio de operações de IA e edição de vídeo. Estou narrando meu processo de pensamento em cada vídeo, quando tocados juntos minha voz se sobrepõe. O processo analógico e digital acontece na imagem e se faz sentir também na voz, pois em um vídeo narro com a voz suave e, no outro, minha voz é acelerada, soando distorcida e computadorizada.


Hexe Weg
Instalação | Performance | Ao vivo 2021
Instalação + performance + Instagram Live
Ocorreu no Halloween (31/10/2021), na casa e residência artística do artista. Trata-se de uma continuidade de pesquisa sobre performance para câmera e processo artístico.
Após 7 dias de performance para a câmera trabalhando na peça de madeira Wald, a instalação consistiu na exposição da matéria-prima, sem edição - exceto os cortes criados pelo lag do computador - e meus três últimos trabalhos: S, Befana e Sunya, que permeiam a temática da bruxaria, performance e processo. Olhar para a tela durante a Live do Instagram foi uma proposta de presença com a performance gerada pela máquina e.i.: computador, celular.
Coincidentia Oppositorum
Instalação 2020
Instalação audiovisual apresentada com a tese do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Artes do Vídeo da UNESPAR, linha II - estudos do processo artístico em cinema e artes do vídeo.
Orientador: Prof. Fábio Jabur de Noronha
Reunindo os conceitos de Performance, Cinema Expandido e Happening, a instalação buscou produzir uma experiência de ritual de feitiçaria, que pensou as imagens a partir de uma perspectiva de performance para a câmera - uma ação performática que se reporta à câmera e que considera elementos de montagem pertinente ao cinema. Ocorreu nos dias 30 e 31 de outubro de 2020, em Curitiba, Brasil, no apartamento do artista.


Befana
Instalação 2019
“Pele de madeira, videoescultura
Vídeo em madeira, pele de escultor."
Instalação audiovisual realizada durante a oficina Núcleo de Audiovisual Sesi/Fiep Curitiba, nos dias 18, 19 e 20 de novembro de 2019, na exposição "E os corpos estão diante das telas" com a participação de vários artistas e uma exposição simultânea de 12 obras audiovisuais.
Instalação composta pela projeção de dois vídeos criados a partir da confecção de uma escultura em madeira. Um vídeo-documentário e uma vídeo performance.